A construção da Linha 3 do metrô de Santiago, através do centro histórico da capital chilena, implicou no impedimento do trânsito veicular pela rua "Bandera" desde o ano de 2013. Convertido em estacionamento de automóveis desde então, a calçada foi cercada durante um mês para a construção do "Paseo Bandera", um novo e colorido projeto pedonal inaugurado nessa quarta-feira (dia 20) por Felipe Alessandri, prefeito de Santiago e patrocinadores.
O escritório Estudio Victoria — liderado pelo muralista Dasic Fernández (com formação em Arquitetura) e o arquiteto Juan Carlos López — foi encarregado do desenho do "Paseo Bandera", unificando uma calçada de 400 metros lineares em uma colorida faixa de anamorfismos e franjas, numa superfície total de 3.300 metros quadrados.
Liderado pela Municipalidade de Santiago Centro e financiando pelo Banco Santander e a companhia cervejaria Carlsberg, o projeto conta com mobiliário urbano, cadeiras de praia, vegetação e bicicleta que geram eletricidade para carregar os celulares. O desenho está divido conceitualmente em três terços, um para cada quadra da rua entre os tapumes da construção do metrô: enquanto "Conexão Social" (entre Moneda e Agustinas) e "Sustentabilidade" (entre Agustinas Huérfanos) encontram-se operativos, "Patrimônio" (entre Huérfanos e Compañia, frente ao Museu de Arte Pré-Colombiana, à corte Suprema e à Galeria Agustín Edwards) encontra-se em busca de financiamento.
Sobre a paleta de cores escolhida por Dasic Fernández, a decisão não é causalidade. Segundo Sebastián Cuevas, arquiteto responsável pelas praças de bolso de Santiago e conectado ao mundo do grafite, devemos isso a um spray que surgiu nos anos noventa, a Montana 94 (MTN 94). Em conversa com o ArchDaily Espanhol, ele explica:
O que vemos aqui é a extensão da estética do grafite, justamente desenvolvida por uma intervenção técnica que é a Montanha 94. O que vemos já de Dasic, com o mural de Teatinos, é justamente essa utilização de cores que não existe na cidade. Se você perceber, na produção estética urbana existem somente cores monocromáticas, especialmente em Santiago. Por tanto, a sobreposição dessa paleta de cores, em contraste com a cidade, é o que produz essa estética. Além disso, a tipologia de Dasic mudou: antes era um muro de grandes dimensões e agora já trabalha na superfície da cidade.
Apesar de serem projetos liderados por diferentes instituições, Cuevas acredita que existe uma conexão direta entre o Paseo Bandera e as praças de bolso:
De alguma forma, esse [Bandera] era um espaço abandonado há anos. Agora é uma apropriação temporária, tal como no caso das praças de bolso. Além disso, é uma intervenção de baixo custo que ocupa os critérios de desenho das praças de bolso: mobiliário temporário, grafites no chão, bicicletários e vegetação.
O projeto "Paseo Bandera" é de caráter temporário e em novembro do ano passado, o jornal chileno La Tercera informou que após sua inauguração seria mantido aberto até final de agosto de 2018. Nesse sentido, a inauguração da Linha 3 implicaria na reabertura da rua ao trânsito veicular e está agendada para o último trimestre do mesmo ano.
Dasic Fernández: 'Lo que sí me mueve y siento es cuando me dicen que la obra inspira'
La esquina de Santo Domingo con Teatinos, en el centro de Santiago, está cambiando y harto. De las manos del muralista chileno radicado en Nueva York, Dasic Fernández, este lugar dejó atrás el gris a cambio de un colorido mural que llama la atención de quien pase por ahí.